sexta-feira, 29 de agosto de 2014

Perdoar NÃO é esquecer!




Por: Polyanna P.


Muitos de nós ouvimos a vida inteira que perdoar é esquecer...

Não, perdoar não é esquecer. Como diz o Pr. Cláudio Duarte, isso é amnésia. Risos.

Então, afinal, o que é perdoar? Perdoar é se lembrar, mas sem sentir dor. É sarar a mágoa e o sofrimento em razão de um ato cometido por outros, ou por nós.

Falando de mim: eu não conseguia perdoar ao meu esposo, por ele ter trocado a aliança do nosso casamento por drogas, em uma recaída, após passar 1 ano e 2 meses limpo. O tempo passava, e isso não sarava. Como era doloroso lembrar-me disso. Inconscientemente eu sentia como se ele tivesse me trocado pela droga.

Hoje sei que, para quem está em um processo de fissura, querendo usar drogas, é muito fácil passar por cima de si mesmo, machucar a si mesmo, como se fosse um trem desgovernado. Então, magoar a quem está do lado é fichinha, né? Sei que é doença, e tal, mas o fato é que era doloroso pra mim.

Consegui perdoá-lo por isso. Hoje me lembro, mas não dói. Certamente nunca vou me esquecer, mas não sofro mais por isso. E como essa sensação me alivia! Entretanto, não esqueci. E, claro, que não compraríamos uma aliança com pedras preciosas para repor, né? No máximo, uma de biju... Risos. Ao menos pelos próximos anos... Vai depender dele mostrar o seu crescimento em relação à recuperação da sua doença.


Ouço relatos dolorosos de familiares. Como uma mãe pode esquecer que o próprio filho a furtou? Como uma esposa pode esquecer a ausência do marido no momento do parto? Como perdoar alguém que troca o dinheiro do gás ou do leite das crianças por drogas? Certamente não dá pra esquecer. Mas, dá sim para perdoar.


O perdão não favorece ao outro, mas a nós mesmos.


Imagine o quanto é doloroso também para o adicto saber que não tem controle sobre si mesmo. Perceber-se cometendo barbaridades na busca pela droga. Ser refém dos seus próprios desejos. Sim, eles também sofrem. Mas, cabe a eles perdoarem a si mesmos, e buscarem recuperação como tantos têm feito.

Por outro lado, cabe a nós buscarmos perdoá-los. Mas, como disse anteriormente, perdoar não é esquecer.

Se nos esquecermos, viveremos em um mundo irreal, na fantasia.

Posso perdoar o ladrão que roubou minha casa, mas isso não quer dizer que deixarei a porta aberta novamente. Posso perdoar meu esposo por uma traição, o que não indica que eu tenha que me manter ao lado de alguém infiel. Posso perdoar o adicto por suas loucuras, mas isso não mostra que eu deva facilitar o seu vício, e muito menos ser conivente com isso.

Tem uma mãe no grupo que há um ano adquiriu o seu carro zerinho, e estava muito feliz com a conquista. Seu filho, adicto, pegou o veículo emprestado, e voltou com o carro depenado, em razão das drogas. Foi um trauma horrível para essa mãe. Acho até que ela já o perdoou, mas até hoje ela não empresta o carro para o filho, embora ele esteja limpo e em recuperação. Entendem?

Perdoar é lembrar-se sem sofrer, sem doer, sem chorar...

Acho importante a gente lembrar. Mas, também é importante saber perdoar. E, inclusive, saber perdoar a si mesmo!

Mas, como perdoar, se dói tanto? Nem sempre é fácil. Algumas coisas vividas por mim, não somente com meu esposo, ainda não consegui perdoar. Então o que faço é levar isso em oração a Deus, afinal, o que não posso fazer, Ele pode.

Além disso, freqüentar grupos de apoio nos faz enxergar como outras pessoas que vivem o que vivemos têm praticado o amor e o perdão, e assim vamos aprendendo uns com os outros.

Não pense que simplesmente enterrar uma mágoa é perdoar. Nem acredite que o tempo sara tudo. Na verdade, se não curarmos nossas mágoas e ressentimentos, com o tempo, eles tendem a crescer, fazendo mal somente a nós mesmos.

“Se ficar agarrada aos meus ressentimentos, eles me manterão prisioneira. Podemos comparar isso a uma armadilha para macacos. O macaco vê um doce dentro de um buraco estreito, então, enfia a mão e agarra o doce. Se não soltá-lo, não consegue tirar a mão. Ele está preso, como eu estou quando não há o verdadeiro perdão.” (CEFE, pág. 271)

“Suportem-se uns aos outros e perdoem as queixas que tiverem uns contra os outros. Perdoem como o Senhor lhes perdoou.” (Colossenses 3:13). Na verdade, a Bíblia fala em perdão, do início ao fim.

E é isso, queridas(os), se por um lado, a mágoa e o ressentimento nos aprisionam; por outro, o perdão é a chave que nos liberta.

"Só quem entende a beleza do perdão pode julgar seus semelhantes."(Sócrates)

Liberte-se! Sinta-se leve! Perdoe! ♥


FONTE: http://amandoumdependentequimico.blogspot.com.br/2013/08/perdoar-nao-e-esquecer.html


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