terça-feira, 27 de janeiro de 2015

O poder corrompe até nossos amigos ou transforma o mundo







Olá leitores Graça e Salvação. Esse é um estudo bíblico que trata sobre poder, ambição e transformação. Boa leitura para vocês!




Textos base: 2ª Coríntios 4. 7; Números 27. 1-11; João 20. 11-18.




Introdução




Perguntas para a dinâmica



1 – A que se refere a frase: “o poder corrompe”?

2 – É possível ser o poder bom? Quando?

3 – Será que todas as pessoas têm poder?

4 - O que é o poder?


Comentário: Em geral, os dicionários dizem que o poder consiste em ter uma força, energia, autoridade, vigor ou potência. No entanto, nós só conhecemos o poder pela sua manifestação. Deste modo, sabemos do poder da natureza pelo germinar da semente. E, ao mesmo tempo, pelos seus vulcões, enchentes, tremores de terra e secas, que mudam a paisagem e as condições de vida na terra. Também, os poderes do conhecimento científico e da tecnologia podem transformar a natureza e, inclusive, o convívio entre os seres humanos. Outras formas de poder podem ser encontradas no conhecimento, no dinheiro, no erotismo, na política, na poética, na violência e assim por diante.


Discussão

Considerando as palavras anteriores, como entender os seguintes textos bíblicos? Romanos 1.16-17; Filipenses 2. 9-11; Mateus 28.15.



1 - Considerações sobre o poder


1.1 – Só o poder transforma?


Comentário: Tudo parece indicar que as transformações no nosso mundo dependem do poder. Não é possível negar que com o poder acontecem muitas coisas, tanto as pequenas e egoístas, como as grandes e de uso para muitos. É como se com o poder tudo fosse possível, e sem ele nada acontecesse. Talvez seja por isso que tantas pessoas correm em busca do poder. Com o seu fascínio, seu encanto, ele atrai as pessoas, convidando-as a procurá-lo. Aquelas pessoas que o alcançam recebem uma sensação de grandeza, e isso as faz sentir-se bem, sentir-se importantes.

Perguntas: Você já viu algo assim? Não é verdade que muitas vezes esperamos que as mudanças sejam feitas pelos que tem o poder? Por quê?




1.2 – O poder corrompe

Comentário: O poder, além do seu atrativo, geralmente transforma a quem o possui. Talvez seja por isso que se diz que “o poder corrompe”. Quer dizer, o poder produz mudanças na pessoa que o alcançou. A primeira grande mudança é que aos poucos o poder se torna o senhor de quem o possui. O poder tem a particularidade de mudar de lugar, fazendo com que a pessoa já não viva para si, mas para o poder. Assim, a pessoa passa a ser dominada por ele. Por que isso acontece? Em parte, porque o poder necessita ser assegurado. O poder que vem do dinheiro, das armas, da força, da sedução, do conhecimento, ou de qualquer outra forma, escorrega como a areia entre os dedos. O poder sempre foge. Ele exige um grande trabalho para aquela pessoa que deseja manter o poder, além de sempre ter alguém mais querendo o poder. O poder faz grandes transformações, inclusive, em quem o possui. Ele tem a capacidade de passar de lugar de instrumento ao lugar de senhor e escravizar a quem pretende possuí-lo.

Perguntas: Já soube de alguém que, chegando ao poder, esqueceu-se da sua vida, família e amizades? – Comente.



1.3 – O poder, um bem que circula entre todas as pessoas


Comentário: Algo que devemos saber sobre o poder é que ele nunca é patrimônio exclusivo dos poderosos. Mesmo que alguns concentrem o poder e façam os outros acreditarem que eles são os donos do poder. O poder é ingrato. Ele não se casa para sempre com ninguém. Ele é “promiscuo”, convive com todo o mundo ao mesmo tempo. Ele está tanto entre as pessoas poderosas como entre as mais frágeis. Por exemplo, ele está entre os políticos que se organizam para realizar algum projeto determinado, mas também está no choro de uma criança faminta abandonada que movimenta pessoas na procura de seu alimento e proteção. É verdade, o poder está presente no nosso mundo. Ele se move ou circula tanto entre os mais poderosos, como nos lares dos mais simples.

Perguntas: Você já viu o poder em meio à fragilidade? Compartilhe alguns exemplos.




2 - Os conselhos do apóstolo Paulo


2.1 – O poder ao contrário


Comentário: Enquanto o lema da sociedade é: “seja poderoso para fazer grandes coisas”, o conselho bíblico inverte a ordem das coisas. Ele coloca outro lema: “seja frágil, para deixar que Deus faça grandes coisas”. Alguém poderia dizer: “isso é um absurdo”. Como poderão as mudanças acontecer sendo eu frágil? A fragilidade nada tem a ver com o permanecer inativo ou ficar quieto. Quem diz que os frágeis e fracos nada podem, fala palavras enganosas. São os poderosos deste mundo que, para assegurar o poder, tentam convencer as pessoas de que: “só os poderosos podem fazer as transformações neste mundo”. Engana-se quem assim pensa, porque essa não é toda a verdade. Existem transformações ou mudanças que os poderes deste mundo não podem realizar. Todas aquelas mudanças que buscam transformar a condição humana desde a sua raiz e desenvolver a reconciliação, a justiça, a paz, o amor e a esperança, não podem ser impostas nem realizadas por nenhum poder humano. Neste ponto, ricos e pobres, sábios e tolos estão na mesma condição: são inúteis. Somente quem reconhece a impotência dos poderes deste mundo, só quem se sabe frágil e incapaz para realizar as grandes mudanças que tanto necessita o nosso mundo, só quem se reconhece a si mesmo como um “pote de barro”, está em condições de ser instrumento de um poder maior: o poder de Deus.



Perguntas: Comente exemplos de mudanças vindas de ações desde a fragilidade, simplicidade, desde os fracos.


2.2 – Um antídoto para não ser dominado pelo poder


Comentário: A fragilidade protege a pessoa da atração e da corrupção do poder. Quem não pretender ser dono do poder não será dominado por ele. Quem entende que o dono de todo poder é Deus sabe que é inútil pretender apoderar-se dele. Deus e seu poder não estão à venda. Só quem se reconhece a si mesmo como um “pote de barro”, frágil, pode ser um instrumento do poder do evangelho. É do evangelho e não dos poderes deste mundo que procede a reconciliação, a justiça, a paz, a fé, a esperança e o amor. Esse poder de Deus cria ou molda novas condições para um futuro melhor. Então, a grande verdade que nos ensina o apóstolo é: “seja frágil para deixar que Deus faça grandes coisas e, assim, moldar o futuro”. Seja como um “pote de barro para que fique claro que o poder supremo pertence a Deus e não a nós”.

Perguntas: É possível juntar a humildade e o poder?


2.3 – Exemplos sobre o poder de transformação da fragilidade

- Números 27. 1-11. A fragilidade das filhas de Zelofeade (Macla, Noa, Hogla, Milca e Tirza), a sua realidade de mulheres sem direitos, movimentou-as para a procura de justiça. Em meio à fragilidade dessas mulheres e não dos poderosos do povo, manifestou-se Deus com seu poder respaldando a petição delas, trazendo uma nova ordem social para esse povo, criando novas condições para o futuro.

- João 20. 9-18. Uma mulher, perto de um túmulo, chora desconsolada a perda de um ente querido. Maria Madalena na sua fragilidade, sua solidão e impotência, perante a morte de seu Mestre, recebe a visita do ressuscitado. Esse encontro transformou seu choro em alegria, e fez dela a primeira e maior testemunha da ressurreição do nosso Senhor Jesus Cristo. Moldou assim o futuro para a esperança da ressurreição.

- Irmã diaconisa Doraci Julita Edinger. No sábado, 21 de fevereiro de 2004, ficamos chocados, como IECLB, pelo assassinato da irmã. Os poderes deste mundo apagaram sua vida em Nampula, Moçambique, de maneira que as comunidades pobres nas áreas rurais de Moma, Namina e Cabo-Delgado, que ela moldou com amor serviçal, sentem a sua perda. A morte da nossa Irmã diaconisa Doraci descoberta a nossa fragilidade, a nossa condição de potes de barro. O que Deus fará não sabemos, mas estamos certos de uma coisa: os poderes deste mundo não são a última palavra. Quem fala por último é Deus. Por enquanto, em meio a nossa fragilidade, Deus nos aconchega com o poder do seu amor, expresso na comunhão, e nos sustenta na esperança trazida por Jesus Cristo.

Perguntas: O que há de comum nestes três exemplos?

Que outros exemplos da sua comunidade você conhece?




Palavra final


Só quem se reconhece a si mesmo como um “pote de barro”, só quem é frágil pode ser um instrumento do poder do Evangelho. Dele procedem a reconciliação, a justiça, a paz, a fé, a esperança e o amor, coisas que nenhum poder humano pode produzir de maneira plena. Só assim poderemos ser discípulos e discípulas de Cristo. Amém.


P. Dr. Pedro Alonso Puentes Reyes















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