domingo, 2 de fevereiro de 2014

Surpreendentes conversões de Grandes Pensadores

"O Caminho Cristão”, traz aqui neste artigo, breves relatos da conversão de dois renomados pensadores de nossa história, que até então eram considerados “anti-cristos” quanto a conceitos divergentes ao Evangelho em suas contemplações filosóficas.
Jean Paul Sartre:
Pouco antes da morte de Sartre o diário Le Nouvel Observateur registrou seu diálogo com um marxista: “Não me parece que sou como um produto do acaso - afirmou -, como algo impensado no Universo, mas como alguém que foi esperado, preparado, prefigurado. Em resumo, como um ser que só um Criador pôde colocar aqui; e esta idéia de uma mão criadora faz referência a Deus”. A antiga companheira de Sartre, Simone de Beauvoir ficou alucinada. Todos os meus amigos – declarou -, todos os sartrianos, toda a equipe editorial me apóiam em minha consternação. Verdadeiramente, se Sartre negou o absurdo de conceber a vida no contexto do acaso universal em lugar da crença nos desígnios de um Criador, pode se compreender a consternação de seus colegas. Porque, se tal é a consfissão do pai do moderno ateísmo existencialista, então podemos certificar com ele o colapso do ateísmo existencialista. Pelo que parece, inclusive Sartre, que havia admitido que o ateísmo é um assunto cruel e de profundas conseqüências, não pôde viver ele mesmo até o final.
Voltaire:
A investigação de documentos antigos sempre mostra surpresas. A última me veio ao folhear o tomo XII de uma velha revista francesa, Correspondance Littérairer, Philosophique et Critique (1753-1793), monumento riquíssimo para conhecer o século do Iluminismo e o começo da Grande Revolução.
Todos sabemos quem foi Voltaire: o pior inimigo que teve o cristianismo naquele século XVIII, em que emitia críticas cruéis. Com os anos crescia seu ódio ao cristianismo e a Igreja. Era nele uma obsessão. Cada noite cria haver afastado a infâmia e cada manhã sentia a necesidade de voltar a declarar: o Evangelho só havia trazido desgraças sobre a Terra.
Manejou como ninguém a ironia e o sarcasmo em seus inúmeros escritos, chegando até o inominável e o degradante. Lhe chamaram de o anticristo. Foi o mestre de gerações inteiras incapazes de compreender os valores superiores do cristianismo, cujo desaparecimento prejudica e empobrece a humanidade.
Pois bem, no número de abril de 1778 da revista francesa acima citada (páginas 87-88) se encontra nada menos que a cópia da profissão de fé de M. Voltaire. Literalmente diz assim:
«Eu, o que escreve, declaro que havendo sofrido um vômito de sangue faz quatro dias, na idade de oitenta e quatro anos e não havendo podido ir a igreja, o pároco de São Suplício quis de bom grado me enviar a M. Gautier, sacerdote. Eu me confessei com ele, se Deus me perdoava, morro na santa religião católica em que nasci esperando a misericórdia divina que se dignará a perdoar todas minhas faltas, e que se tenho escandalizado a Igreja, peço perdão a Deus e a ela.
Assinado: Voltaire, 2 de março de 1778 na casa do marqués de Villete, na presença do senhor abade Mignot, meu sobrinho e do senhor marqués de Villevielle. Meu amigo». Assinam também: o abade Mignot, Villevielle. Acrescenta: «declaramos a presente cópia conforme a original, que foi entregue às mãos do senhor abade Gauthier e que ambos confirmamos e que ambos temos firmado, como firmamos o presente certificado. Paris, 27 de maio de 1778. Abate Mignot, Villevielle».
Que a relação pode estimar-se como autêntica o demonstram outros documentos que se encontram no número de junho da mesma revista – nada clerical, por certo-, pois estava editada por Grimm, Diderot e outros enciclopedistas.
Voltaire morreu em 30 de maio de 1778. A revista lhe exalta como “o maior, o mais ilustre e talvez o único monumento desta época gloriosa em que todos os talentos, todas as artes do espírito humano pareciam haver se elevado ao mais alto grau de sua perfeição”.
A família quis que seus restos repousassem na abadia de Scellieres. A 2 de junho, o bispo de Troyes, em uma breve nota, proíbe severamente ao prior da abadia que enterre no sagrado o corpo de Voltaire. A 3 o prior responde ao bispo que seu aviso chega tarde, porque – efetivamente – já tinha sido enterrado na abadia.
A carta do prior é longa e muito interessante pelos dados que contêm. Eis o que mais nos interessa agora: a família pede que ele seja enterrado na cripta da abadia até que possa ser trasladado ao castelo de Ferney. O abade Mignot apresenta ao prior o consentimento firmado pelo pároco de São Suplício e uma cópia – assinada também pelo pároco – “da profissão de fé católica, apostólica e romana que M. Voltaire tem feito nas mãos de seu sacerdote, aprovado na presença de duas testemunhas, das quais uma é M. Mignot, nosso abade, sobrinho do penitente e outro, o senhor marquês de Villevielle (…) Segundo estes documentos, que me pareceram e ainda me parecem autênticos – continua o prior – penso que faltaria com meu dever de pastor se lhe houvesse recusado os recursos espirituais. (…)Nem me passou pelo pensamento que o pároco de São Suplício houvesse podido negar a sepultura a um homem cuja profissão de fé havia legalizado (…). Creio que não se pode recusar a sepultura a qualquer homem que morra no seio da Igreja (…) Depois do meio-dia, o abade Mignot tem feito na igreja a apresentação solene do corpo de seu tio. Cantamos as vésperas dos defuntos; o corpo permaneceu a noite toda rodeado de círios. Pela manhã, todos os eclesiásticos dos arredores (…) tem dito uma missa na presença do corpo e eu celebrei uma missa solene às onze, antes da inumação (…) A família de M. Voltaire partiu esta manhã contente das honras rendidas a sua memória e das orações que temos elevado a Deus pelo descanso de sua alma. Eis aqui os fatos, monsenhor, na mais exata verdade”.
Assim me parece que passou deste mundo ao outro aquele homem que empregou seu temível e fecundo gênio em combater ferozmente a Igreja.
A Revolução trouxe em triunfo os restos de Voltaire ao panteão de Paris – antiga igreja de Santa Genoveva – , dedicada aos grandes homens. Na escura cripta, frente a de seu inimigo Rosseau, permanece até hoje a tumba de Voltaire com este epitáfio:
“Aos louros de Voltaire. A Assembléia Nacional decretou em 30 de maio de 1791 que havia merecido as honras dadas aos grandes homens”.

por Norman Geisler ( Deão e professor de teologia e apologética )

FONTE: http://blogcaminhocristao.wordpress.com/2007/02/13/surpreendentes-conversoes-de-grandes-pensadores/

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